Dia da Terra

O Dia da Terra, criado pelo senador norte-americano Gaylord Nelson, tem o intuito de consciencializar a população relativamente a certas preocupações ambientais, alertando para a importância do planeta e necessidade de preservar os recursos naturais. Assim, desde da sua criação em 1970, anualmente, no dia 22 de abril, milhões de cidadãos em todo o mundo manifestam o seu compromisso na preservação do ambiente e da sustentabilidade da Terra.

Nunca foi tão pertinente a celebração desta data, uma vez que, se analisarmos a situação atual, percebemos que o planeta revela sinais de desequilíbrio em consequência com a intervenção humana e com o consumo excessivo de recursos naturais. As alterações climáticas, a forte dependência de combustíveis fósseis, a inadequada utilização de recursos hídricos tem conduzido a efeitos catastróficos relevantes para a saúde humana e ambiental. Manifestações da nossa civilização fazem com que, de 15 em 15 minutos, uma espécie vegetal ou animal seja extinta.

Apesar da cascata de problemas ambientais, com a qual nos deparamos quotidianamente, um exemplo que gostaria de abordar de forma mais pormenorizada é a desflorestação, uma questão que tem sido bastante discutida no cenário mundial, nas últimas décadas. Desflorestação é o processo de desaparecimento completo e permanente de florestas, atualmente causado, na sua maior parte, por atividades humanas, como a expansão agrícola, a construção de habitações ou mesmo a extração ilegal de madeira. À medida que mais e mais florestas vão sendo dizimadas, pelo mundo inteiro, os cientistas temem que estas ações possam dar origem à próxima pandemia mortal. Tome-se como exemplo a situação ocorrida em 1997, quando colunas de fumo pairavam sobre as florestas tropicais da Indonésia, enquanto uma área do tamanho da Áustria era queimada para dar lugar à agricultura. Estes incêndios foram agravados pela seca, e as árvores, abafadas pela cortina de fumo, não conseguiam dar frutos, deixando os morcegos-da-fruta sem outra opção a não ser voar para outro lugar em busca de comida, transportando consigo uma doença mortal. Pouco tempo depois, estes morcegos fixaram-se em pomares na Malásia e os porcos da região , bem como os seus criadores começaram a adoecer – presumivelmente depois de terem comido frutas mordiscadas pelos morcegos. Em 1999, 265 pessoas tinham desenvolvido uma inflamação cerebral grave e 105 morreram. Foi a primeira ocorrência conhecida do vírus Nipah em humanos que, desde então, provocou uma série de surtos recorrentes no Sudeste Asiático.

 

Esta foi uma de várias doenças infeciosas, geralmente confinadas à vida selvagem, que transbordaram para os humanos em áreas submetidas a desflorestações repentinas. Nas últimas duas décadas, um número crescente de evidências científicas sugere que a desflorestação, que despoleta uma complexa cadeia de eventos, cria condições para que uma série de fatores patogénicos mortais se disseminem pelos humanos. Mais ainda, num estudo feito em 2015, investigadores da Ecohealth Alliance descobriram que, “quase 1 em cada 3 surtos de doenças novas e emergentes está relacionado com alterações na utilização da terra, como o desflorestamento”.

Como podemos perceber a desflorestação acarreta mais problemas do que aqueles que pensamos. Muitos países e organizações internacionais têm elaborado e executado programas e leis para conter o avanço desta situação, mas os seus resultados práticos têm sido fracos e muitas são as dificuldades ainda encontradas para que tais medidas surtam efeito. Por outro lado, não é preciso ficar à espera da reforma de instituições, como a ONU, ou dos governos para agir. Cada um pode fazer a sua parte através de ações simples como economizar água, reciclar, reduzir o consumo de energia elétrica, reflorestar, apostar na utilização de transportes públicos, entre outras. Com efeito, são medidas que não só melhoram o ambiente, como também demonstram o nosso grau de compromisso e corresponsabilidade, na construção de uma nova ética planetária.

Em suma, confrontados com a atual quantidade de problemas ambientais, torna-se urgente mentalizarmo-nos da importância da ecologia na nossa vida, zelando não só pela nossa sobrevivência, como também, das gerações futuras, assumindo responsabilidade e persistência em construir um mundo melhor. O dia do Planeta Terra é desta forma de extrema importância, pois representa a luta em defesa do meio ambiente, promovendo a reflexão sobre a importância do planeta e o desenvolvimento de uma consciência ambiental.

 

Sofia Fontes, 11.º Ano