I – Designação do Trabalho
O projeto “Comunica +”, elaborado pelo Centro de apoio à Aprendizagem, teve como propósito a adaptação de sistemas aumentativos e alternativos de comunicação (comunicadores de voz), que foram colocados nos diferentes espaços da Escola Básica e Secundária de Campo de forma a promover a participação social dos alunos que apresentam dificuldades de comunicação/interação com os interlocutores. Estes comunicadores foram colocados em locais estratégicos da escola (casa-de-banho, cantina, biblioteca, secretaria, direção, reprografia), para permitir a acessibilidade aos diferentes serviços e a comunicação das necessidades. Em sentido inverso, permitem que as pessoas com quem interagem compreendam a iniciativa comunicativa e respondam mais rapidamente às diferentes solicitações. Deste modo, os indivíduos podem deslocar-se pelos diferentes espaços de forma mais autónoma, ou seja, sem um adulto para mediar as interações básicas. Cada comunicador de voz tem o símbolo pictográfico e a respetiva gravação de voz. O seu funcionamento é simples, bastando carregar no comunicador para reproduzir a gravação.
II – Objetivos do trabalho
. Promover a acessibilidade à comunicação e a participação social nos diferentes espaços da comunidade escolar;
. Sensibilizar a comunidade para a importância dos direitos humanos, em particular, na igualdade de oportunidades para a participação na sociedade, na eliminação das barreiras que dificultam a participação e no acesso aos serviços;
. Sensibilizar a comunidade para a necessidade de compreender e ajudar a superarem as dificuldades comunicativas;
. Divulgar o projeto junto de entidades como a Câmara Municipal de Valongo e o Centro Social e Paroquial de Campo, de forma a que promovam e apliquem o projeto nas suas infraestruturas.
III – Metodologia utilizada na realização do trabalho
. Levantamento das necessidades comunicacionais dos alunos do CAA do Agrupamento de Escolas de Campo;
. Brainstorming entre a equipa docente e terapêutica de forma a solucionar as necessidades identificadas – aquisição dos comunicadores de voz;
. Montagem, colocação dos símbolos pictográficos e gravação de voz nos comunicadores, bem como a colocação dos mesmos em diferentes espaços da escola;
. Elaboração de um questionário online para a comunidade escolar, de forma a recolher opiniões diretas sobre a inclusão;
. Realização de um vídeo sobre a utilização e pertinência do uso dos comunicadores para divulgar na comunidade, com auxílio da turma do 11º ano do Curso Profissional de Informática;
. Divulgação do vídeo do projeto nas redes sociais, nomeadamente Instagram, Facebook, Youtube, Blogue, Site da Escola;
. Envio de e-mail com um vídeo e apresentação do projeto para a Câmara Municipal de Valongo e o Centro Social e Paroquial de Campo.
Para a realização deste projeto numa fase inicial baseamo-nos na bibliografia existente sobre Comunicação Aumentativa e Alternativa, nomeadamente no livro “Introdução à Comunicação Aumentativa e Alternativa” de Von Tetzchner e Martinsen. Posteriormente, optamos pela aquisição de ajudas técnicas – comunicadores de voz. Em simultâneo, recorreu-se a material de imagem (câmaras) para a gravação de vídeo e programas de edição (para a elaboração dos vídeos). Por fim, utilizou-se o Google Forms na elaboração de um questionário online e as redes sociais para a divulgação do projeto.
De acordo com o questionário divulgado junto da comunidade escolar (amostra = 110 pessoas), todos os inquiridos consideraram o projeto “muito útil” ou “útil”; 95,5% consideraram pertinente a colocação de mais comunicadores na escola; 97,3% são da opinião que os comunicadores devem estar colocados na Câmara Municipal de Valongo. Todos estes dados quantitativos refletem o forte impacto do projeto no que respeita à consciencialização dos direitos humanos, como a igualdade de oportunidades e a eliminação das barreiras. Como pontos fracos, a amostra da comunidade escolar salienta o facto de existirem poucos comunicadores, reforçando a necessidade de existirem em mais espaços da escola e noutros serviços públicos (“deveriam de ser instalados na cantina e no hall da escola”; “Todos os serviços públicos deviam ter”). Durante a execução de todo o projeto, os alunos demonstraram curiosidade sobre a utilização dos comunicadores de voz, bem como em saber como ajudar os colegas com dificuldades comunicativas. Em simultâneo, foram participantes ativos no preenchimento do questionário e na realização das entrevistas. É importante reforçar que estes alunos atualmente são cidadãos com uma maior consciencialização dos direitos humanos, nomeadamente na igualdade de oportunidades e na participação social. Em suma, consideramos que o projeto foi muito enriquecedor para todos os intervenientes, sentimos que os objetivos foram cumpridos com sucesso e que, consequentemente, melhoramos a qualidade de vida das pessoas com dificuldades comunicativas.